quarta-feira, 11 de março de 2009

"I am Jack's complete lack of surprise."

sábado, 7 de março de 2009

Você já sentiu como se seu corpo não passasse de um enorme robô, daqueles tipo Monstro de Seriado Japonês e que você, preso ali, parece ser simplesmente o cara que entrou pela porta errada, no lugar errado e esbarrou num botãozinho vermelho brilhante que não devia?

Embora a psiquiatria deva ter um nome e um CID pra isso, eu prefiro pensar em desautomatização.

Quinta-feira pela manhã e lá está você: no escritório em frente ao computador, completamente separado do mundo por uma janela lacrada e uma persiana azul fechada atrás de você. Depois daquela froteira, a vida. Antes dela, apenas a sua vida.

E lá está você. Lê as notícias do dia, que não passam das desgraças de ontem. Você olha pro relógio e já são 30 minutos sem trabalhar... metido naquela pose com cara-de-conteúdo, insensível àquele monte de bosta fedorenta. Se preocupa com o chefe e espia: ele não está na sala dele. Espicha o olho pro outro lado: o colega está fazendo a mesma coisa que você. Ótimo. Tudo sob controle. Hora de checar os e-mails.

E olha lá você! Insensível ao mundo, ocupado e tentando se convencer que só abriu o e-mail pra deletar aquele monte de spam, tentando se enganar de que não está a procura de qualquer coisa que sirva pra te lembrar que você ainda é humano. De qualuqer surpresa que te derrube deliciosamente da cadeira e te prove estar errado sobre a mesquinhez das coisas. Mais uma manhã na qual você ainda quer acreditar que não é mais um insensível maldito. Tudo o que você quer é qualquer coisa que acabe com a sua própria lógica. Então, finalmente:

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De: Adriana Rinaldi [mailto:adrianarinald1@yahoo.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 4 de março de 2009 19:42
Para: Emanuelle Santos

Assunto: Re: Hermanita!

Hermanita linda de mi vida!

Que saudades malucas! Como vc está? Eu estava bem sim quando te escrevi aquele recadinho no Orkut, amor. Apenas sentia uma saudade exacerbada, uma vontade de receber notícias suas...acho que é o inferno astral me fazendo ficar mais sensível...rs.

Ando mega centrada nos meus estudos hispânicos, gata. A satisfação que sinto ao conseguir me comunicar em uma língua que não é a nossa é tão grande! É bonito pensar que estamos dispostos a aprender um outro idioma para conseguirmos nos comunicar com cada vez mais gente neste mundão, ouvir cada vez mais histórias vindas dos lugares mais improváveis possíveis. O nível 4 termina amanhã. Amanhã vamos fazer as provas orais e escritas e aí é só ver se passamos e nos matricular no nível 5. São sete ou oito níveis, acho que vai rolar voltar com diplominha de fluência pela UBA. Bacana, não? Aprendemos o presente do subjuntivo neste nível, bem parecido ao português. No próximo nível será o passado do subjuntivo, que, não sei como, já sei usar razoavelmente. É aquele tal de “tuviera”, “hubiera” & Cia. Tá gostoso estudar espanhol.

Tudo bacana por aqui, Manu. Esta cidade é mesmo muito legal para se viver...ando conhecendo tanta gente, tantos lugares que às vezes penso se um dia terei parada nesse mundão, se um dia meu coração vai sossegar e aceitar ficar "parado" em um só canto desse globo terrestre! Mas enfim, enquanto ele não quiser descansar eu vou onde ele quiser, né :) tenho tanta sede pela vida que às vezes me assusto...tenho até vontade de chorar de tão bonita que ela é, de tanta curiosidade que ela pode nos despertar...claro que temos as angústias do viver tbém, nem tudo são flores, mas talvez o bonito mesmo da vida seja o fato de que ela é sangue e mel, amargura e doçura, e sendo assim, não tendo uma única característica que a defina, as possibilidades são infinitas...olha eu na filosofia! hahaha. e olha que estou sóbria, hein!!

Não sei se te contei, mas a Mirella vem pra cá! Tô feliz da vida que ela chega amanhã! Imagina minha ansiedade pra ver aquela gigante amada! Nem acreditei quando ela me disse que ia vir. E ainda na época do meu aniver! Que linda...hoje nos falamos por tel. Vou buscá-la no Ezeiza e tudo...acho que vamos passar uma semana muito linda juntas. Tô feliz por ela vir e poder conhecer um pouquinho da minha vida portenha, das minhas novas aspirações, desejos. Aliás, tô procurando emprego nessa terra, não queremos irnos em junho não...e vc, quando pensa em vir, amor?
[...]
Segunda assistimos um filme muito fofo: Simplesmente Amor (Love Actually). É com a Emma Thompson, o Hugh Grant (tô virando fã desse cara!) e mais uma porrada de ator, incluindo o super Rodrigo Santoro, que só fala o necessário (quando fala...rs). O bofe deve ter sido contratado pra mostrar o corpanzil e dar mais ibope. rs. Tô brincando, mas ele fala bem pouco mesmo. Terminamos as duas debulhadas em lágrimas. Tem que ver que filme fofo. Foi o Túlio, nosso amigo brasileiro e blogueiro, quem emprestou. Ando toda cagada com histórias de amor, achando a coisa mais linda. Queria me apaixonar de novo, sabia Manu? Como já disse, ando tranqüila, meio assexuada ultimamente, o que tem me agradado. Assexuada no sentido de que estou calma, sem o desespero característico dos primeiros meses. Ando gostando de estudar, ficar em casa, ver filminhos, baixar músicas...mas apesar da tranqüilidade, o coração está aberto para alguém legal que decida aparecer, que tenha uma vontade genuína de me conhecer, de decifrar as minhas cores. E talvez justamente pela tranqüilidade é que dê vontade de se apaixonar de novo, de ter alguém com quem compartilhar esse momento tranqüilo. Tenho ido na balada pra curtir a música, dançar. Estou num momento muito gostoso da viagem e acho que é devido a essa tranqüilidade toda, Manu. O coração tá calminho, como se estivesse se preparando para algo bonito. Engraçado às vezes sentirmos isso, né?

Bom, a saudade do Brasil e das pessoas amadas é intensa...não podemos abraçar o mundo, ne? É uma experiência linda e grandiosa que tenho vivido. A parte dura fica com a saudade...recebi algumas notícias meio tristes do Brasil, mas é a vida, é o ciclo...minha vó, mãe do meu pai, faleceu no meio de janeiro...exatamente dois anos depois do seu Zazá. Foi lá encontrar meu pai. É mais uma estrelinha brilhando, olhando pra mim. Fiquei super mal por estar aqui, entrei numas piras de que meu pai ficaria triste, mas Magdão (que agora é uma amiga absurdamente importante. nossa relação mudou tanto!) conversou comigo e me confortou bastante...tô na emanação de energias positivas e muito amor para todos aí. Sei que a tendência é sermos felizes e que a cada dia tudo melhorará.

Mas e você, minha linda? Me preocupo contigo! Entendi perfeitamente as coisas que você disse neste email, o fato de você repensar a maneira como sua vida está organizada. Acho que você está repensando tudo porque ainda tem muita sede pelo novo, muita curiosidade pela vida. Sei que às vezes paramos pra pensar no que estamos fazendo da vida, naquilo que nos faria mais felizes no momento, na indagação “possuímos as coisas ou elas nos possuem?”. Já me perguntei muito isso e talvez por essa indagação tenha decidido largar emprego, trancar faculdade, me dispor a ficar um tempo longe das pessoas que amo, dos meus bichos de estimação...é maluca essa vida mesmo. Quando menos esperamos vem um bichinho à noite, nos morde e parece que acordamos de uma outra maneira na manhã seguinte...mas sabe que fico contente por vc estar se perguntado essas coisas, Manu? Pra mim é um sinal tão nítido de que você tem uma vontade muito grande de viver tudo o que este mundão tem para nos oferecer! E você é uma pessoa tão forte, Manu, tão cheia de coragem dentro desse peito...acho ótimo você considerar a idéia de ficar um tempo na Suécia. Seria tão bacana você ter esta experiência! To sempre na torcida para que seus desejos sejam concretizados, para que vc seja bem feliz, Manuzita. Meu ombro continua aqui, mesmo que à distância. Te amo tanto, quero tanto teu bem!

E o mestrado? O seu apê? Como é terminar a faculdade (olha a pergunta! rs)? Tenho muito orgulho de vc, amor.

Saudade tão intensa ultimamente...penso sempre nas nossas idas ao Conexión, nos nossos bloody marys no Applebees ou no America...ai ai, pessoa linda e importante que você é na minha vida, viu Manu! E dona Nívea? Jr, Carlos? Mande beijos!

Ah, sabe quem esteve aqui? O Alê! A Ana, namorada dele, ta morando aqui há um mês pra estudar espanhol. Vai ficar até o final de março. Ele veio visitá-la e nos encontramos. Foi lindo encontrar o Aleixo aqui! Só faltou mesmo você! Tomamos um vinhozinho muito bom aqui pertinho da minha casa. Eu, ele, Ana e Plic...muito gostoso revê-lo.


Te amoooo!
Beijo grande.

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E você chora.
Quando a primeira lágrima, silenciosa, involuntária e verdadeira cai sobre a mesa do escritório, tem uma estranha sensação de felicidade... de paz e desmedida ternura. Disfarçadamente, enxugando as lágrimas pra preservar a maquiagem, se sente, por um momento, humano.

"E o coraçãozinho do Grinch cresceu três vezes naquele dia..."

Então, de repente, você se vê desconfortável dentro daquele monstro japonês. Olhando pela janelinha ocular dele, mas vendo com olhos que são, só naquele momento, os seus.

Toca o telefone e, repentinamente, você se vê de novo lá dentro, diferente. Sentado na cadeira do comandante com o joystick na mão e, conscientemente, acabando com Tóquio.

"NIPRO, Emanuelle...."

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Just like a rolling stone

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Pois é. Acho que sinto mais a crise de pasaagem pra vida adulta do que senti na adolescência. Escolhas com cara de "pra sempre", mas tão frágeis quanto um devaneio de criança que brinca sozinha. Como se eu soubesse que, de fato, estou entrando na histeria coletiva dos adultos em volta e tivesse certeza que a única verdade absoluta está em qualquer coisa pra qual eles não deem nenhum valor.

E no meio disso tudo a única certeza é a de estar sozinha num processo tão meu. Preza na incomunicabilidade de uma experiência tão comum... quase esquizofrênica e insuportavelmente sensível. With no direction home. Like a complete unknown, just like a rolling stone.

Destination unknown, but no surprises.
In a darkened room, infected.
Silent lucidity....

... and who cares a lot?

A babilônia é tão completa que nem a minha língua sozinha dá conta. Viva ao multiculturalismo! À descentralização do sujeito e a perda do caminho de casa!
Bom mesmo é ser de todo o lugar e não se sentir pleno em lugar algum, não é? Viva a saudade da Europa e das coisas que eu não fiz! Viva a prestação! Ao catão de crédito, CPF, a jornada diária de 16 horas de atividades obrigatórias nas quais você insiste em enxergar algum prazer que você, de fato, nunca sentiu! Viva a vida adulta de renúncias e desprazeres! Seja infeliz e serás aceito!

Queria quebrar a guitarra que nunca tive coragem de pedir à minha mãe.

Com a certeza de mais uma manhã na qual a Terra não vai parar e a colônia de formigas continuará sua marcha ordenada pelo frágil equilíbro entre ordem e caos, seguindo sempre com um quadro da rainha na parede.

E eu seria capaz de tudo.


fim.

domingo, 28 de setembro de 2008



Ao companheiro dos domingo à noite, colega das segundas pela manhã, camarada dos sábados de madrugada.

Ao instrumento maravilhoso que nos distrai das angústias promovendo a solidão da qual promete nos livrar tão convincentemente.

Aos quartos vazios e escritórios solitários; às lindas tardes amareladas perdidas em frente a nossa inabilidade assumida de compreender as coisas simples.

Ao signo da modernidade, do sucesso e da individualidade que acelera o tempo precioso da maturação das idéias.

Ao promotor da fragmentação do sujeito em alma subjetiva tão única e incapaz de se conectar:

Meu muito obrigada.

domingo, 21 de setembro de 2008

e pra terminar..... Big bang baby - Stone Temple Pilots







Does anybody know how the story really goes,

how the story really goes

Or do we all just hum along



Sell your soul and sign an autograph

Big bang baby, it's a crash, crash, crash



I wanna die, but I gotta laugh

Orange crush mama is a laugh, laugh, laugh



Nothing's for free, nothing's for free

Take it away boys

Nothing's for free, nothing's for free

Take it away boys



So turn it up and burn it

There's a hole in your head

There's a hole in your head

Where the bird's can't sing along
domingo à noite. pela manhã levantarei da cama para mais um dia de venda da minha mão de obra especializada.

mais uma semana de política interna, viagens de ônibus fretado, desafios, superações, decepções e tudo mais quanto aparecer.

e meu nome não entrará para a história.
quando eu morrer se esquecerão de mim.

não sou Jim Morison nem Cazuza. Heitor ou Aquiles.
nem ex-BBB eu sou.

duro entender que minha vida não é um filme com final feliz. que não sou Eli Stone e que não há várias pessoas assitindo, torcendo por mim ou pelo meu aneurisma.

se eu tiver um aneurisma eu vou morrer e não darei ibope. o do Eli comove todos os telespectadores da sony hahahaha!

e como a consciência da mediocridade e da limitação é libetadora. o descompromisso com a perfeição é, com certeza, a melhor dádiva que deus me deu.

sem mais.

** ao som de "Love me two times"

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Porque tem tanta gente boa nesse mundo.

Como sempre, atrasada.
Nessa sexta a aula começava às 14h00, mas o trânsito junto com mulhões de outros fatores não esteve a meu favor. Correria para conseguir me inscrever no processo seletivo para o mestrado. Resultado, cheguei às 16h00 e perdi o filme que era tema para o debate.

Nessa aula meus professor não pode ir, e eu recorri ao doutorando que conduziu os trabalhos. Alguém que nunca vi e que, no final da aula não tinha obrigação nenhuma de me ajudar, nem de me comprar um capuccinho (já que até aquela hora não havia comido), e depois de fazê-lo me mandou a seguinte mensagem:

Oi, Emanuelle! Tudo em paz?
Fiquei muito feliz por ter te conhecido! Como é bom conhecer pessoas maravilhosas e de forma totalmente inseperada, não é mesmo?
Estou na torcida pelo teu ingresso na Pós-Graduação! Vou rezar para que Santo Antonio te ajude, te proteja e te ilumine durante todas as etapas.
Beijo grande e tenha um ótimo final de semana,
Geninho.


Pai de uma linda filha e com uma também linda esposa, doutorando em literatura caboverdeana vindo do Mato Grosso, fez melhor o meu dia.

Obrigada!

domingo, 17 de agosto de 2008

Um bom aniversário.

Me disseram uma vez que felicidade ao extremo é mania, tão problemática quanto a depressão. Pois é, hoje estou num daqueles dias no qual o morno foi a melhor temperatura para o meu banho, tradicionalmente quente.

Hoje completei 25 anos e resolvi passar esse dia em casa, com a família sem bar ou festança. Passei um domingo com feira, arroz, feijão, sobremesa, bolo, fotos e piadas da minha boca grande desde quando era bebê. Não teve música ou roupa especial, mas filme com a família na sala de estar.

Pela primeira vez estive nessa cena sem querer estar em outro lugar. Sinto aquela paz que só a ausência da excitação permite. Sem paixões e sem histeria estou vazia, e me sinto bem.

Alguém disse uma vez que as paixões são a graça e a desgraça do mundo. Pode ser. Meu coração está quieto, minha mente clara. Me sinto leve, com a certeza de quem fez tudo o que podia.

Pronto, agora o mundo pode acabar.
Ou que venha mais um ano!