"me joga da janela, me chama de Isabella". Sim, sim. Ouvi isso essa semana de um amigo que leu na internet, em algum lugar.
Hoje eu assisti televisão, e no das das mães só deu Caso Isabella na telinha. Fiquei pensando enquanto tomava banho. Me lembrei dos trechos do documento que decreta a prisão do casal Nardoni e embora não consiga citar exatamento os trechos, ficou na minha cabeça a parte na qual se lê alguma coisa como o casal demostra frieza ou falta de compaixão.... algo do tipo.
Pensei muito e me lembrei das bruxas que queimávamos durante a inquisição.
Há provas contra o casal, processo, cadeia, tudo certinho. Mas tenho pra mim que devam ser presos e condenados por tirar a vida de um outro ser humano e tenho a sensação de que a opinião pública o condena por um crime contra a família.
Isso me lembra a inquisição. Não era só o caso da perturbação da ordem pública, era um crime contra Deus.
Isso também me lembra a Suzane von Richhofen. Mais do que participar do planejamento e do assassinato de duas pessoas, foi condenada por ter matado os pais e dado pauladas na instituição familiar.
Não questiono a importancia das instituições na manutenção da nossa sociedade tal como ela existe. Com isso também não a apoio, só não quero fazer disso caso de questão. O que me cutuca aqui é nossa sociedade se assustar tanto com isso e fazer alarde de pecado capital inemaginável.
O que nós queremos de meninos e meninas que crescem tendo o assassinato como uma opção? O cinema, através de nossa amiga e principal educadora do século XXI, a TV, nos mostra todo dia que se mata, que se atira que se foge. Nós, filhos dos anos 80, crescemos com essas possibilidades em nosso imaginário coletivo composto por Duro de Matar, Máquina Mortífera, Exterminador do Futuro. Crescemos vendo aqueles carros maravilhosos correndo irresponsavelmente no trânsito e educamos nossa sensibilidade para aquela sensação de poder que se tem quando se admite a possibilidade de decisão quanto ao término de uma vida ou não.
Conhecemos armas e apendemos como usá-las. Sabemos como funcionam algumas bases legais a fim de salvar nossa pele caso necessário. Crescemos aprendendo isso, jogamos Street Fighter, Mortal Kombat, Doom e Counter Strker. Damos Head Shot e nos divertimos quando sacamos a faquinha para humilhar nossos oponentes ao esfaqueá-los até a morte.
Nesse meio tempo os pais também trabalham demais para estar alí, ao lado. As mães trabalham, o video-game e o computador ficam nossos amigos. Nossos pais passam, cada vez mais, a ser alguém que você, talvez, vá ver menos do que à sua empregada e as doces lembranças junto deles herdadas da infância são tempoariamente substituída pelos hormônios, tesão e necessidades de carinho sexual, cada vez mais cedo na vida desses adolescentes.
Num quadro social desses as pessoas ainda se chocam com um filho de advogado, estudante de direito, que usa o que aprendeu (e aprendeu mal) para limpar a cagada de ter perdido o controle com a filha. A linha entre certo e errado pode ser muito tênue quando se acredita ter as costas quentes.
A questão que coloco aqui é: não temos culpa do lixo que a nossa própria sociedade produz? Por que a surpresa?! Bem vindos sejamos nós à era na qual as bitucas de cigarro, garrafas pet e o lixo que produzimos voltam pra nós. Tais como Suzane e Alexandre, às vezes, essas coisas saem debaixo dos tapetes diretamente para nossa sala de estar, para nosso quarto, para debaixo de nossa cama e para cima da nossa mesa de jantar.
Tal como a bosta que jogamos nos rios todo dia, a morte da Isabella me lembra nossas enchentes e a opinião pública, àqueles desgraçados que jogam papel no chão. Complacentes filhos da hipocrisia paralisante que somos, esta, por vezes, nos assassina.
Hoje eu assisti televisão, e no das das mães só deu Caso Isabella na telinha. Fiquei pensando enquanto tomava banho. Me lembrei dos trechos do documento que decreta a prisão do casal Nardoni e embora não consiga citar exatamento os trechos, ficou na minha cabeça a parte na qual se lê alguma coisa como o casal demostra frieza ou falta de compaixão.... algo do tipo.
Pensei muito e me lembrei das bruxas que queimávamos durante a inquisição.
Há provas contra o casal, processo, cadeia, tudo certinho. Mas tenho pra mim que devam ser presos e condenados por tirar a vida de um outro ser humano e tenho a sensação de que a opinião pública o condena por um crime contra a família.
Isso me lembra a inquisição. Não era só o caso da perturbação da ordem pública, era um crime contra Deus.
Isso também me lembra a Suzane von Richhofen. Mais do que participar do planejamento e do assassinato de duas pessoas, foi condenada por ter matado os pais e dado pauladas na instituição familiar.
Não questiono a importancia das instituições na manutenção da nossa sociedade tal como ela existe. Com isso também não a apoio, só não quero fazer disso caso de questão. O que me cutuca aqui é nossa sociedade se assustar tanto com isso e fazer alarde de pecado capital inemaginável.
O que nós queremos de meninos e meninas que crescem tendo o assassinato como uma opção? O cinema, através de nossa amiga e principal educadora do século XXI, a TV, nos mostra todo dia que se mata, que se atira que se foge. Nós, filhos dos anos 80, crescemos com essas possibilidades em nosso imaginário coletivo composto por Duro de Matar, Máquina Mortífera, Exterminador do Futuro. Crescemos vendo aqueles carros maravilhosos correndo irresponsavelmente no trânsito e educamos nossa sensibilidade para aquela sensação de poder que se tem quando se admite a possibilidade de decisão quanto ao término de uma vida ou não.
Conhecemos armas e apendemos como usá-las. Sabemos como funcionam algumas bases legais a fim de salvar nossa pele caso necessário. Crescemos aprendendo isso, jogamos Street Fighter, Mortal Kombat, Doom e Counter Strker. Damos Head Shot e nos divertimos quando sacamos a faquinha para humilhar nossos oponentes ao esfaqueá-los até a morte.
Nesse meio tempo os pais também trabalham demais para estar alí, ao lado. As mães trabalham, o video-game e o computador ficam nossos amigos. Nossos pais passam, cada vez mais, a ser alguém que você, talvez, vá ver menos do que à sua empregada e as doces lembranças junto deles herdadas da infância são tempoariamente substituída pelos hormônios, tesão e necessidades de carinho sexual, cada vez mais cedo na vida desses adolescentes.
Num quadro social desses as pessoas ainda se chocam com um filho de advogado, estudante de direito, que usa o que aprendeu (e aprendeu mal) para limpar a cagada de ter perdido o controle com a filha. A linha entre certo e errado pode ser muito tênue quando se acredita ter as costas quentes.
A questão que coloco aqui é: não temos culpa do lixo que a nossa própria sociedade produz? Por que a surpresa?! Bem vindos sejamos nós à era na qual as bitucas de cigarro, garrafas pet e o lixo que produzimos voltam pra nós. Tais como Suzane e Alexandre, às vezes, essas coisas saem debaixo dos tapetes diretamente para nossa sala de estar, para nosso quarto, para debaixo de nossa cama e para cima da nossa mesa de jantar.
Tal como a bosta que jogamos nos rios todo dia, a morte da Isabella me lembra nossas enchentes e a opinião pública, àqueles desgraçados que jogam papel no chão. Complacentes filhos da hipocrisia paralisante que somos, esta, por vezes, nos assassina.
3 comentários:
Oi Manu, estoy dando un giro. Sei lá, hein?, acho que dá pra enfiar a mão até mais (ou, no caso, menos) fundo nessa história. Totem e tabu. Beijo
manuzita, vc sempre verbalizando o que a minha cabeça pensa e a minha boca insiste em não conseguir falar.
te amo, sempre.
beijos
O que eu fico pensando é a quantidade de insanos que ainda surgirão nessa sociedade...Olha que interessante,a sociedade fabrica seus insanos....
Bjusss
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