Não sou original, mas não que não acredite em originalidade. Acredito que muitos tem aquela capacidade bonita de dar forma àquelas coisas soltas no ar antes da maioria da qual faço parte. A essa capacidade chamo originalidade.
Talvez seja tudo fruto da minha internalização de ‘nada se cria, nada se perde, tudo se transforma´, mas creio que o verdadeiro gênio esteja conectado à capacidade de ver algo que fala justamente sobre a realidade sócio-histórica -- seja por oposição, identificação ou qualquer outro diabo – daquele momento de produção. Mas acho que isso também é minha internalização de teorias da tradição marxista que não dissociam arte e sociedade. Talvez seja isso mesmo, mas acredito mesmo que não passe de um ponto de vista que tenho pela minha experiência social.
Talvez gente assim diria que o Adão e a Eva só reproduziram o movimento natural que viam nos outros bichinhos que faziam parte do seu meio social. O de comer.
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::: Sou contemporânea ::: Sou brasileira ::: Sou scrapbook :::
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Sou herdeira legítima da tradição machadiana do lugar algum
Sou a filha meio da história
Sou afilhada do Tyler
Sou falta de classe
Sou exceção da regra
Sou coisa alguma
Em todo lugar
Li nos Tomates da Carol um poema do Hughes, engraçado. Eu nunca decoro poemas. Quase nunca decoro coisas, elas colam na minha cabeça por repetição. Mas não pela repetição de repetir, mas pela repetição de ver. E esse poema de Hughes eu vejo toda vez que me olho no espelho e toda vez que saio à rua.
Não pela cor.
Não pela classe.
Não pelo engajamento.
Mas pela falta.
Não pela cor.
Não pela classe.
Não pelo engajamento.
Mas pela falta.
COLORED CHILD AT CARNIVAL
Where is the Jim Crow section
On this merry-go-round,
Mister, cause I want to ride?
Down South where I come from
White and colored
Can't sit side by side.
Down South on the train
There's a Jim Crow car.
On the bus we're put in the back--
But there ain't no back To a merry-go-round!
Where's the horse
For a kid that's black?
O que é melhor? Algum lugar ou Lugar algum?
4 comentários:
Manuzita, que soco na boca do estômago, hein? Animal, animal. Nossas conversas do final de semana sobre esse mundo imbecil e sobre as delícias de ser "filha do meio da história" foram muito frutíferas mesmo.
Adorei o seu estilo. Escreve mais.
Pena que não dá sequer para concorrer com 3 cabecinhas tão brilhantes como a sua, a de AnaR. e a do Dr. Geraldo. Foda!
Sobre Hughes, o cara é sensacional. Tenho que contar como a poesia dele marcou a minha vida.
O poema levarei sim para a senhorita pitacar. Tá muito ruinzinho, preciso arrumá-lo mesmo.
A minha pessoa retribui os seus beijos em terceira pessoa (que não é você) beijando em primeira pessoa. Agora te pergunto: hein? O que a senhorita quer dizer exatamente?
Beijos,
Marossa
Manoca, Dr. Geraldo te dedicou um post! Que moral, hein? Corre lá.
E cadê o Jameson? Tô esperando, linda!
Bitoquinhas,
Tomatosa.
oi, Manuzita!
tá meio estranha a formatação - será que fui eu isso ou será que é meu software livre.
soco que o estômago precisa.
beijinhos
Oi, Manu,
"Nada se perde, nada se cria - tudo se copia" - esse tem sido o meu lema, cada vez mais descaradamente. E eu faço gosto!
Beijo
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